Podcast 12 - Esportes

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Sinopse Narcos S01E06 Spoilers


Hora de contar os cadáveres!
Estruturalmente, “Explosivos” é um episódio intrigante. Ao mesmo tempo em que possui alguns dos acontecimentos mais importantes da temporada, cadencia-os em um ritmo pausado, quase que degustando cada reação dos seus personagens em quantos aos dilemas que são colocados em tela (enquanto uma série que não tivesse certa sobre sua própria narrativa iria optar por um episódio com maior foco na ação constante). Se “There Will Be a Future” dividiu o clima da temporada ao anunciar oficialmente o começo de uma guerra, “Explosivos” tem como principal objetivo demonstrar as consequências, para ambos os lados, deste conflito declarado.
Iniciando-se do exato ponto em que o episódio anterior termina, “Explosivos” divide seus principais personagens em dois arcos distintos: Com Escobar e Murphy realizando um jogo de gato e rato quanto à proteção de Cesar Gaviria, enquanto Peña e Carrillo se dirigem à cidade de Cartagena para efetuar uma missão que tem como principal alvo José Rodríguez Gacha.
Pode-se perceber apenas pela breve leitura da sinopse a metamorfose sofrida pela atmosfera da série, trazendo pela primeira vez Murphy e Peña sem estar no mesmo arco, o que já via sido brevemente alertado no episódio anterior, quando ambos dividem as funções que iriam desempenhar, trazendo ao espectador a ideia de que a urgência de se tomar medidas no conflito se tornou tamanha que os soldados não podem se dar ao luxo de estarem juntos.
Com o principal alvo de Escobar se tornando Gaviria, a proteção dada a ele por Murphy ocupa a maior parte do tempo de tela, mostrando o policial em um clima de constante tensão ao ter que lidar paralelamente com o narcotráfico e com o empecilho de seus supostos colegas da CIA (novamente, mais preocupados com a própria tese de que os verdadeiros inimigos são os comunistas do que com a deportação de Escobar).
Boyd Holbrook acerta ao trazer constantemente com o cenho fechado e olhar remontando a um alerta de que a qualquer instante poderá surgir alguma ameaça. Com menor tempo em tela, Wagner Moura se mostra cada vez mais seguro em sua personificação de Escobar, com um olhar que demonstra a melancolia do personagem pelos atos por ele praticados, a ponto de remontar no espectador desespero apenas com uma sincera demonstração de afeto por determinado personagem e sua família (quase que fazendo um mea culpa por suas ações).  E se Raúl Mendez trazia em “There Will be a Future” um Gavíria medo por sua vida e de sua família, apenas a sua mudança de postura já demonstra a percepção do candidato quanto ao seu papel no combate ao narcotráfico e os riscos calculados que deve tomar para alcançar a presidência.
Do outro lado do país, Peña e Carrillo se encontram na situação exatamente oposta ao fazer uma operação que finalmente consegue encurralar Gacha. E se não é de estranhar que o narcotraficante tenha se deixado tão exposto diante de sua impulsividade, o roteiro, concebido a seis mãos por Andrew Black, Chris Brancato e Samir Mehta, faz questão de ressaltar a falta de cautela do próprio vilão que o leva à ruina, a ponto de nem mesmo os seus supostos aliados não se sentirem mais seguros com a sua presença (algo que o próprio Carrillo nota com estranheza).
Entretanto, o trunfo de “Explosivos” se dá o de conseguir com eficiência introduzir dois novos personagens e dar a estes traços marcantes a eles, para que nenhum dos dois conseguisse sobreviver até o fim do episódio. Freddy Gacha, com uma personalidade impulsiva herdada do próprio pai, a ponto de passar a maior parte do tempo assediando sexualmente sua secretária e mata-la sem o menor peso na consciência, consegue ao mesmo tempo trazer de aversão e estabelecer uma dinâmica com o pai que ajuda a demonstrar a humanidade de ambos, por mais impiedosos e monstruosos que possam ser, e remeter sentimentos conflitantes na forma em que a dupla se despede da série (com a forma que se mata Gacha sendo tão cruel quanto seus próprios atos).  Ao passo que Jaime traz uma inocência em sua gratidão por Escobar que o transformam na figura mais trágica do episódio e trazer o momento de maior impacto da série até o presente momento, com uma aflição que se torna ainda maior por ser apenas sugerida em tela e sendo devidamente sucedido por créditos que apropriadamente não evocam nenhuma música para gerar aflição no espectador.
Não se faz uma guerra sem vítimas e Narcos consegue mostrar que são justamente aqueles que não detém poder que mais se prejudicam. Por mais que seja visado, Gaviria conseguiu ter apoio suficiente para ao menos alertar de que haveria um ataque à sua pessoa, ao passo que Jaime e os cidadãos que iriam de Medelín a Cali tiveram o fim precoce de suas vidas sem ao menos ter o direito de entender o que estava acontecendo. Um preço a pagar quando se cria uma guerra  visando regular as substâncias que os cidadãos ingerem no próprio corpo e que, em todo o planeta, apenas trouxe a violência como contrapartida.

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